5 de agosto de 2006

luar sobre nós


luar micaelense
partilhado por danielsg.

vimos a noite espelhar o nosso amor
lá fora

tão fora de nós

nós que éramos o mesmo
corpo de amor

4 de agosto de 2006

poema II (de amor)


chuva incandescente
partilhado por danielsg.

um instante feliz (como num instante de cartier bresson)
um instante de luz preso à bicicleta que acorda a manhã

sou eu que me prendo à retina das coisas transparentes
sou que reconheço os contornos das primeiras coisas

é a mim que se atam os diademas das palavras felizes
é a mim que a poesia vem dizer onde está a tristeza
para não voltarmos a essa casa a essa colina de sede

desde que encontrei a tua boca reescrevendo o tempo
um tempo que não há noutro lugar nem noutro afecto
como se soubesses a exacta medida em que se ama
ou por que asa se erguem os carinhos sobre o amor

um instante feliz asilado no ventre das nossas mãos
como uma moeda para pagar a felicidade do mundo

um instante de luz que nos compense da escuridão
com que os sonhos se lançam para os nossos olhos

quietude (com poema de amor)


quietude
partilhado por danielsg.

se o amor é uma palavra é um gerânio esperando a tarde
se o amor é uma palavra é uma casa acendendo as janelas

se o amor é uma palavra temos de lhe atar a nossa boca
e desenhar no seu coração a água que nos leva da terra

assim que percebemos a delicadeza dos nossos carinhos
quando sabemos que o horizonte se prende à nossa mão
e não há outro pensamento além do nosso sonho alado

quando ouvimos a respiração do tempo transpirar por nós
ou estamos parados num instante à espera da eternidade
quando olhamos para a nossa sombra nos dorso da noite
e não há outra asa para nos unirmos à constelação da paz

quando escutamos os pássaros trazendo a primeira manhã
com que nos olhamos depois de termos perdido o silêncio

o amor é uma palavra porque está à espera deste sopro
destes afectos deste caminho desta doçura deste carinho