a noite é uma árvore crescendo
rompendo o acetinado silêncio do azul-escuro
profundo azul do ressentimento do silêncio
(dizem: há estrelas sobre nós - mas as estrelas - estão por todo o lado
de manhã)
como as folhas do outono
(re)mexendo o chão
POST: isto até podia ser uma ensaio qualquer para qualquer outra coisa (dita de melhor forma) I guess is the winter...
31 de dezembro de 2005
24 de dezembro de 2005
um paraíso infinito (cabendo na mão)
desejo a todos uma manhã nova
em cada dia
e com ela os paraísos todos
que desejamos
sobretudo os infinitos
que nos cabem nas mãos do desejo
em cada dia
e com ela os paraísos todos
que desejamos
sobretudo os infinitos
que nos cabem nas mãos do desejo
13 de dezembro de 2005
se este natal for diferente então valerá a pena acreditar nele: diferente deste modo - sem presentes, sem mensagens sms, sem emails repetidos ao infinito, sem telejornais, sem filmes inéditos pela centésima vez, sem frio, sem restaurantes, sem hipershoppings, sem nada. Um natal assim: com uma palavra apenas - PAZ - uma palavra para repetir ao expoente do cansaço.
PAZ para todos que vêm cá.
10 de dezembro de 2005
ESTOU DOENTE
por dentro de mim
esta é a flor que me prende
a respiração
ardo como se entrasse
na boca do verão
(estou doente: nada menos lírico)
esta é a flor que me prende
a respiração
ardo como se entrasse
na boca do verão
(estou doente: nada menos lírico)
9 de dezembro de 2005
6 de dezembro de 2005
há lugares que vão connosco para toda a parte
(ainda hoje carrego dentro de mim
o largo da oliveira - com a oliveira, sobretudo, e o fogo preso do granito)
não há verão que não me aceite no seu coração
no instante mais breve que dura o início da noite
(vestindo de seda-sombra a respiração quente das arcadas)
porque me sinto anónimo e com ela a óbvia tristeza
e o silêncio permite-me falar com um ou outro pensamento mais feliz
e lembrar-me de todas as vezes que aqui vim esperar-te
porque nunca vieste e eu sei que foi essa a primeira morte
que tive que aceitar
como uma ferida que agora se estende dentro de mim
subterrânea a cada pedra (deste lugar)
esta imagem é dedicada à mariamar - por saber melhor que eu a que cheira a oliveira.
5 de dezembro de 2005
3 de dezembro de 2005
in the mood for love
(fosse todo o amor assim
e o mundo mudava com ele)
entre a mais pura delicadeza
e o gosto a eternidade perdida
as palavras contam com o silêncio
para anunciar o último beijo
e o mundo mudava com ele)
entre a mais pura delicadeza
e o gosto a eternidade perdida
as palavras contam com o silêncio
para anunciar o último beijo
buganvília
entre a cal e o azul (colhido dos mares a que ainda não fomos)
uma buganvília descobre o seu caminho
uma buganvília descobre o seu caminho
amélia com a casa (crescendo)
a solidão às vezes pode ser assim
coroada de cal e de uma gata
um instante de quase nada
coroada de cal e de uma gata
um instante de quase nada
mãos postas (com céu)
por aqui respira nossa casa
por aqui se prende ao céu
por aqui ascende ao silêncio
por aqui se prende ao céu
por aqui ascende ao silêncio
mokichico (poema para eles: de amor)
talvez o amor nos salve depois da vida
e a eternidade nos dedique o seu tempo
talvez possamos amar sem ter coração
ou outro limite que nos cerque de morte
talvez exista o paraíso para além da luz
tão acima de nós e de todas as palavras
e a eternidade nos dedique o seu tempo
talvez possamos amar sem ter coração
ou outro limite que nos cerque de morte
talvez exista o paraíso para além da luz
tão acima de nós e de todas as palavras
mar à minha volta (não serve de título)
atravesso contigo a imensidão incandescente da tarde
o itinerário oscilante dos pássaros em seu silvo branco
na torrente da sombra sentimos a infelicidade do silêncio
a pele encarcerada das pedras a resistência do tempo
transcorremos as searas até à desmesura da infância
recolhemos a eternidade uma colina para atar a paz
as palavras submersas na cintilação do esquecimento
no teu rosto o vago rumor da tristeza inicia uma flor
um canal pacífico para a delicadeza do firmamento
como se as asas do inverno perdessem a corrente
e houvesse uma hora para chamar de novo o amor
podemos purificar a errância da sede a cor do olhar
trazer uma sílaba de luz à coleante brevidade da vida
e só temos que nos abraçar deixar o coração morrer
para escutarmos a primeiríssima constelação da noite
o itinerário oscilante dos pássaros em seu silvo branco
na torrente da sombra sentimos a infelicidade do silêncio
a pele encarcerada das pedras a resistência do tempo
transcorremos as searas até à desmesura da infância
recolhemos a eternidade uma colina para atar a paz
as palavras submersas na cintilação do esquecimento
no teu rosto o vago rumor da tristeza inicia uma flor
um canal pacífico para a delicadeza do firmamento
como se as asas do inverno perdessem a corrente
e houvesse uma hora para chamar de novo o amor
podemos purificar a errância da sede a cor do olhar
trazer uma sílaba de luz à coleante brevidade da vida
e só temos que nos abraçar deixar o coração morrer
para escutarmos a primeiríssima constelação da noite
2 de dezembro de 2005
scar in my heart
o disco SCAR de joe henry deixou uma cicatriz no meu coração
a beleza da música atravessa-me assim:
palavras e jazz num doce enleio de blues
(para todos que queiram sonhar)
a beleza da música atravessa-me assim:
palavras e jazz num doce enleio de blues
(para todos que queiram sonhar)
30 de novembro de 2005
um natal diferente
não vou desejar feliz natal a ninguém
não vou comprar presentes
nem arranjar um pinheirinho
carregado de luzinhas
vou procurar o meu país de neve
o lugar da infância
onde fazia sentido
(tudo isto)
não vou comprar presentes
nem arranjar um pinheirinho
carregado de luzinhas
vou procurar o meu país de neve
o lugar da infância
onde fazia sentido
(tudo isto)
29 de novembro de 2005
ameixieira para bai li
quando o inverno não tiver cor
quando o tempo perder o fio do caminho
quando as palavras adormecerem primeiro que a alma do poeta
quando os lótus emergirem com o peso do silêncio
quando as ameixieiras aflorirem à tua pele
quando o tempo perder o fio do caminho
quando as palavras adormecerem primeiro que a alma do poeta
quando os lótus emergirem com o peso do silêncio
quando as ameixieiras aflorirem à tua pele
li bai
na china há muito que a poesia alcançou o vértice da perfeição
há muito que sonhou dentro da montanha das palavras
como li bai
sonhando sob a lua e a ameixieira em flor
com o vinho suave das jovens namoradas
há muito que sonhou dentro da montanha das palavras
como li bai
sonhando sob a lua e a ameixieira em flor
com o vinho suave das jovens namoradas
como alguém disse
a poesia tem que ver com a vida de cada um
cada gesto entrando no coração de cada verso
e cada verso suspendendo a respiração de cada gesto nosso
se assim não fosse
seriam pedras os poemas
pedras ou estrelas
preenchendo o frio da noite
cada gesto entrando no coração de cada verso
e cada verso suspendendo a respiração de cada gesto nosso
se assim não fosse
seriam pedras os poemas
pedras ou estrelas
preenchendo o frio da noite
26 de novembro de 2005
um dia foi assim
um dia amaste-me como quem embala uma criança
um dia prometeste guardar-me como um gato
no colo delicado do amor
um dia prometeste guardar-me como um gato
no colo delicado do amor
contigo na paz profunda do azul
contigo na paz profunda do azul
até termos de inventar um sol para os nossos olhos
até termos de inventar um sol para os nossos olhos
espelho de água-amor
sem dizermos nada
sem atarmos as nossas bocas
sem recolhermos as nossas asas
sem dobrarmos o nosso azul
sem esquecermos a nossa respiração
sem escutarmos as nossas mãos
sem sabermos o tempo
o tempo que perdemos à procura um do outro
sem atarmos as nossas bocas
sem recolhermos as nossas asas
sem dobrarmos o nosso azul
sem esquecermos a nossa respiração
sem escutarmos as nossas mãos
sem sabermos o tempo
o tempo que perdemos à procura um do outro
COMO UM SONHO DE VERÃO
as nossas mãos são delicadas ocarinas
como um sonho de verão
preso entre os nossos dedos
na travessia deste inverno pesado de escuridão
nesta nossa tristeza levada ao cume da noite
como um sonho de verão
preso entre os nossos dedos
na travessia deste inverno pesado de escuridão
nesta nossa tristeza levada ao cume da noite
silverhawk
uma alma tranquila vagueia pela manhã
encontra o vazio como forma de arte
o orvalho como uma delicada construção de palavras
encontra o vazio como forma de arte
o orvalho como uma delicada construção de palavras
cartier-bresson
quero encontrar-te ao fundo de cada rua
em cada caminho soluçado
por entre as nossas esperas
em cada caminho soluçado
por entre as nossas esperas
25 de novembro de 2005
lugares desvazios
estou à tua espera
às vezes penso que nunca fiz outra coisa
como se respirasse todos os lugares vazios
onde quase estamos
onde eu sei que quase estaremos
um dia
às vezes penso que nunca fiz outra coisa
como se respirasse todos os lugares vazios
onde quase estamos
onde eu sei que quase estaremos
um dia
19 de novembro de 2005
poesia
vou dizer que este poema
carrega a tua imagem por trás
o teu corpo desaguante lendo o sonho
antes do limiar da noite
nos erguer deste chão
vou dizer que estás comigo
e que finalmente arranjei um lugar para ti
dentro das palavras
carrega a tua imagem por trás
o teu corpo desaguante lendo o sonho
antes do limiar da noite
nos erguer deste chão
vou dizer que estás comigo
e que finalmente arranjei um lugar para ti
dentro das palavras
poeta voando
tenho asas na minha boca
tenho um tecido azul de palavras
ondulando como um mar céu
ou um céu mar entrando pela noite
e toda a poesia é azul
com o sangue do poeta se atando a todas as coisas
tenho um tecido azul de palavras
ondulando como um mar céu
ou um céu mar entrando pela noite
e toda a poesia é azul
com o sangue do poeta se atando a todas as coisas
Números que contam, números que não contam...
como eu gostava que este poeta fosse de boa memória para estes alunos (12ºBE): ainda assim não são os números que contam. Para tristeza ou alegria deles: as notas Robert 12.8; Rudi 8.7; Patrícia 12.8; Sara 5.1; Tércio 7.4; João 12.1; Pedro 9.1; Tiago 17.2; André 13.1; Iuri 9.3; Ruben 15.3; Rui 13; Henrique 10.2; Claudia 9.3; Iracema 7.3; Érica 6.8; Eliana 5.6; Fábio 5.7; Sílvia 6.5; Sandra 10.2 e Nelson 12.5.
Uma sugestão: apliquem-se!
Uma sugestão: apliquem-se!
18 de novembro de 2005
6 de novembro de 2005
casinha... agora
depois de tanto esforço, finalmente a casa tem o meu suor espalhado pelos seus quatro cantos... claro está, misturado com adn do sebastião!
o tempo mais breve ou a benção de issa kobayashi:
I
caminhei pela estreita vereda da manhã
até que o orvalho me desvendasse a luz
II
todos os dias se dilui velozmente a madrugada
será assim tão escassa a luz nas nossas vidas?
III
o tempo mais breve é o que cedemos aos sonhos
em nossa respiração devia pesar a rosa do mundo
I
caminhei pela estreita vereda da manhã
até que o orvalho me desvendasse a luz
II
todos os dias se dilui velozmente a madrugada
será assim tão escassa a luz nas nossas vidas?
III
o tempo mais breve é o que cedemos aos sonhos
em nossa respiração devia pesar a rosa do mundo
poema para os poetas que estão nas graças de toda a gente: espécie de lamento:
os outros poetas vivem na casa da poesia
os outros poetas têm a sua voz protegida
os outros poetas estão presos a um cordel
os seus poemas não dormem ao relento
os seus poemas não precisam de tempo
os seus poemas não se sujam sozinhos
os outros poetas vivem na casa da poesia
os outros poetas têm a sua voz protegida
os outros poetas estão presos a um cordel
os seus poemas não dormem ao relento
os seus poemas não precisam de tempo
os seus poemas não se sujam sozinhos
na manhã que se levanta está o teu rosto em construção
no imenso areal a tua boca procura as primeiras sombras
um caminho que as tuas mãos exponham fora das horas
um soluço a tristeza com palavras pelo céu transparente
encontro no lento fluir das águas a tua predição tranquila
como se tivesses revelado um perfume para a poesia
uma música que perpetuasses no coração das rosas?
eu sei que ardeste na última vez que te lançaste ao mar
que as tuas ânforas não suportaram o desejo do tempo
que as mesmas ondas que te rodaram o rumo da luz
foram os mastros que te romperam a seda dos sonhos
eu sei que te dispersaste nas vazias calhas do silêncio
e as estrelas foram poucas para a noite que procuravas
com que pensamento poderás derramar estes afectos?
com que cor para caiar as heras e os muros brancos?
no imenso areal a tua boca procura as primeiras sombras
um caminho que as tuas mãos exponham fora das horas
um soluço a tristeza com palavras pelo céu transparente
encontro no lento fluir das águas a tua predição tranquila
como se tivesses revelado um perfume para a poesia
uma música que perpetuasses no coração das rosas?
eu sei que ardeste na última vez que te lançaste ao mar
que as tuas ânforas não suportaram o desejo do tempo
que as mesmas ondas que te rodaram o rumo da luz
foram os mastros que te romperam a seda dos sonhos
eu sei que te dispersaste nas vazias calhas do silêncio
e as estrelas foram poucas para a noite que procuravas
com que pensamento poderás derramar estes afectos?
com que cor para caiar as heras e os muros brancos?
4 de novembro de 2005
Brad Mehldau
este homem dá-me um horizonte de esperança no escurecer do outono: a sua música é a arte do jazz no seu mais denso esplendor. Claro está, para quem gosta. Brad Mehldau: day is done - a sua última gravação.
Padre António Vieira
quem me dera que os meus alunos percebessem o contributo deste homem para aquilo que une, hoje, mais de duzentos milhões de seres humanos...
A internet tem um perigo tão intenso quanto a enormidade de horizontes que encerra. Principalmente para os jovens estudantes que dão, frequentemente, erros induzidos pela utilização excessivamente despicienda da língua portuguesa nos chats. Bom, foi só um desabafo. E qualquer outra coisa mais. Para bom entendedor meia palavra basta. Ah, e o meu nome começa por D.
20 de julho de 2005
requiem por immendorf
houve um dia uma guerra
um dia uma guerra ardeu-se dentro dos homens
um dia os homens arderam com a guerra
e um dia a guerra roubou aos homens a sua arte
um dia a arte dos homens ardeu com a guerra
e a arte morreu dentro de muitos homens numa só guerra
um dia uma guerra ardeu-se dentro dos homens
um dia os homens arderam com a guerra
e um dia a guerra roubou aos homens a sua arte
um dia a arte dos homens ardeu com a guerra
e a arte morreu dentro de muitos homens numa só guerra
totempepeverdepersito
cristiana cerreti é uma ilustradora italiana que vale a pena conhecer: faz-nos crescer uma sede imensa pela infância (latente? perdida? presente?)
www.cristianacerretti.it
www.cristianacerretti.it
16 de junho de 2005
a minha casinha (antes)
finalmente um lugar onde morrer com o tempo das pedras. finalmente uma casa para guardar as minhas memórias futuras do passado.
15 de junho de 2005
há coisas que doem devagar
como uma morte anunciada
como uma ferida aberta num coração há muito perdido
há coisas que não têm nome
para não serem segredadas
nem à mais impossível noite
nem à mais triste pedra
há coisas que te queria dizer
e não sei
talvez as chore aqui
aos poucos
como aos poucos nos fomos perdendo
como uma morte anunciada
como uma ferida aberta num coração há muito perdido
há coisas que não têm nome
para não serem segredadas
nem à mais impossível noite
nem à mais triste pedra
há coisas que te queria dizer
e não sei
talvez as chore aqui
aos poucos
como aos poucos nos fomos perdendo
14 de junho de 2005
em santa maria sentiu-se a morte do poeta: o verão parou a sua caminhada inaugural para tecer-se ao contrário, derramando a última fímbria do inverno sobre nós. calou-se o poeta e a chuva voltou para nos lembrar como ele falava dela, vendo-a sobre o rosto da sua mãe, dolorosamente suave. o poeta calou-se e o dia ficou não-azul, não-palavra, não-silêncio... vejo somente um rasto fulgente para a poesia, um rasto seguindo as aves...
7 de junho de 2005
27 de maio de 2005
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