25 de outubro de 2010



erguemos a nossa casa
no meio do jardim

demos-lhe a água da luz
e a seda do jasmim

fizemos dos gatos nossas janelas
e do verão nossa poesia

e se borboletas houve que nos visitaram
elas eram o movimento do dia

22 de outubro de 2010



digo-te que a música é o perdão de deus
pelo nosso tamanho

que deixamos assim de ser apenas
pétalas que prosperam
pedras que regulam a altura do chão

e que voamos e chegamos onde moram os anjos
para perguntar porque temos de voltar

17 de outubro de 2010



tenho dois gatos em casa
cada um com a sua janela magnífica
sobre o coração do outono

tenho dois gatos em casa
dois poemas que se aninham no meu colo

6 de outubro de 2010



podia dar-te tudo quanto vi
ou apenas uma memória

um momento
um estarrecimento

qualquer coisa de nada
que me tenha arrepiado
as mãos

(como quando me vi
com o pollock
pela primeira vez)