29 de novembro de 2009

REGRESSAR À NORMALIDADE


Decidi há dias regressar ao tempo em que comunicava por carta. Decidi regressar à normalidade de um tempo em que os amigos eram verdadeiros e a única coisa virtual era a própria palavra virtual. Amigos eram os que correspondiam e se davam ao trabalho de colar um selo com a sua língua...

Acabei com o Facebook e com o Twitter. Não doeu nada, pelo contrário, senti uma espécie de alívio. Não vou ter pena dos duzentos e tal amigos... deixei lá o meu endereço. Quando sentirem a minha falta, é só escreverem-me. Contam-me então todas as coisas que os deixam felizes, apenas aquelas que interessam e nada de quintas virtuais! E depois eu respondo sempre, sempre e mando prendinhas também.

Mantenho-me, contudo, neste blogue. É uma coisa minha nem que seja apenas para mim, embora saiba que há muitas pessoas que o lêem. A elas deixo o meu carinho e a vontade que me escrevam, também. E depois, já sabem, respondo sempre.

Um abraço, Daniel.

12 de novembro de 2009






nem sempre estamos juntos
nem sempre nos recolhemos na mesma concha

nem sempre percorremos o mesmo mapa
nem sempre apanhamos as mesmas pedras do caminho

nem sempre beijamos com a mesma boca
nem sempre nem sempre

nem sempre escutamos o tempo desavindo
nem sempre repetimos a nossa manhã perfeita

nem sempre havemos de compreender porquê
porquê nem sempre porquê nem sempre




(para a BETA)

8 de novembro de 2009




tenho estado à espera de um beijo teu
como se nada mais importasse neste mundo injusto


5 de novembro de 2009



lembra-me da primeira vez
era inverno pela metade ainda
a noite tão longa e tão pouco tempo

lembra-me da primeira vez
havia incensos e velas que estavam apagadas na sua cintilação
mas iluminavam de maçã e canela o teu quarto

lembra-me da primeira vez
o teu quarto era a tua casa
cabiam os teus livros as minhas cartas a nossa espera

lembra-me da primeira vez
desenhámos nas nossas mãos o caminho que queríamos traçar
o mapa que depois havíamos de entornar sobre as nossas próprias bocas

lembra-me da primeira vez
eu lembro apenas que quase esqueci