30 de novembro de 2005

um natal diferente


neal back
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não vou desejar feliz natal a ninguém
não vou comprar presentes
nem arranjar um pinheirinho
carregado de luzinhas

vou procurar o meu país de neve
o lugar da infância
onde fazia sentido

(tudo isto)

pedra de bashô


Basho-Stein
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ali repousa o poema eterno
o curso das palavras interrompido
pelo sopro da morte

29 de novembro de 2005

ameixieira para bai li


Cherry_Blossom
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quando o inverno não tiver cor
quando o tempo perder o fio do caminho
quando as palavras adormecerem primeiro que a alma do poeta
quando os lótus emergirem com o peso do silêncio
quando as ameixieiras aflorirem à tua pele

li bai


libai
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na china há muito que a poesia alcançou o vértice da perfeição

há muito que sonhou dentro da montanha das palavras

como li bai
sonhando sob a lua e a ameixieira em flor
com o vinho suave das jovens namoradas

como alguém disse


p.poetry.03
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a poesia tem que ver com a vida de cada um

cada gesto entrando no coração de cada verso
e cada verso suspendendo a respiração de cada gesto nosso

se assim não fosse
seriam pedras os poemas

pedras ou estrelas
preenchendo o frio da noite

26 de novembro de 2005

um dia foi assim


jamie jennings
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um dia amaste-me como quem embala uma criança
um dia prometeste guardar-me como um gato
no colo delicado do amor

contigo na paz profunda do azul


medusa
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contigo na paz profunda do azul
até termos de inventar um sol para os nossos olhos

espelho de água-amor


farida zaman
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sem dizermos nada
sem atarmos as nossas bocas
sem recolhermos as nossas asas

sem dobrarmos o nosso azul
sem esquecermos a nossa respiração
sem escutarmos as nossas mãos

sem sabermos o tempo
o tempo que perdemos à procura um do outro

COMO UM SONHO DE VERÃO


imazoo
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as nossas mãos são delicadas ocarinas
como um sonho de verão
preso entre os nossos dedos

na travessia deste inverno pesado de escuridão
nesta nossa tristeza levada ao cume da noite

silverhawk


silverhawk
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uma alma tranquila vagueia pela manhã
encontra o vazio como forma de arte
o orvalho como uma delicada construção de palavras

cartier-bresson


cartier-bresson
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quero encontrar-te ao fundo de cada rua
em cada caminho soluçado
por entre as nossas esperas

25 de novembro de 2005

lugares desvazios


lugares desvazios
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estou à tua espera
às vezes penso que nunca fiz outra coisa
como se respirasse todos os lugares vazios
onde quase estamos
onde eu sei que quase estaremos
um dia
estar junto de quem gostamos é tirar à eternidade o tempo que depois não sabemos se nos caberá por herança.

19 de novembro de 2005

poesia


poesia
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vou dizer que este poema
carrega a tua imagem por trás

o teu corpo desaguante lendo o sonho
antes do limiar da noite
nos erguer deste chão

vou dizer que estás comigo
e que finalmente arranjei um lugar para ti

dentro das palavras

poeta voando


poeta voando
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tenho asas na minha boca
tenho um tecido azul de palavras
ondulando como um mar céu
ou um céu mar entrando pela noite

e toda a poesia é azul
com o sangue do poeta se atando a todas as coisas

Números que contam, números que não contam...


FP
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como eu gostava que este poeta fosse de boa memória para estes alunos (12ºBE): ainda assim não são os números que contam. Para tristeza ou alegria deles: as notas Robert 12.8; Rudi 8.7; Patrícia 12.8; Sara 5.1; Tércio 7.4; João 12.1; Pedro 9.1; Tiago 17.2; André 13.1; Iuri 9.3; Ruben 15.3; Rui 13; Henrique 10.2; Claudia 9.3; Iracema 7.3; Érica 6.8; Eliana 5.6; Fábio 5.7; Sílvia 6.5; Sandra 10.2 e Nelson 12.5.

Uma sugestão: apliquem-se!

18 de novembro de 2005

6 de novembro de 2005

praia formosa e maninha fermosa


DSCF6304
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beijinhos de saudades, querida maninha!

égua do valter com fim de tarde meu


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poucas palavras: nem uma, afinal

casinha... agora


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depois de tanto esforço, finalmente a casa tem o meu suor espalhado pelos seus quatro cantos... claro está, misturado com adn do sebastião!
um dia destes começo de novo a recolher as águas
um dia destes tenho a certeza de que os melros
e uma ou outra folha dos álamos se cruzarão no ar
um dia destes teremos a certeza de que o outono
abre enfim o seu coração desatento para a boca da poesia
o tempo mais breve ou a benção de issa kobayashi:

I
caminhei pela estreita vereda da manhã
até que o orvalho me desvendasse a luz

II
todos os dias se dilui velozmente a madrugada
será assim tão escassa a luz nas nossas vidas?

III
o tempo mais breve é o que cedemos aos sonhos
em nossa respiração devia pesar a rosa do mundo
poema para li bai:


brindas à lua agora que a solidão te abraçou
com que silêncio dançarás ao tempo infinito?
que poema te entregará a doce embriaguez?

com a tua sombra no firmamento te alcanças
sempre te diluíste vazio entre os lótus verdes
ansiando a morte como um verso lento e doce
poema para os poetas que estão nas graças de toda a gente: espécie de lamento:

os outros poetas vivem na casa da poesia
os outros poetas têm a sua voz protegida
os outros poetas estão presos a um cordel

os seus poemas não dormem ao relento
os seus poemas não precisam de tempo
os seus poemas não se sujam sozinhos
na manhã que se levanta está o teu rosto em construção
no imenso areal a tua boca procura as primeiras sombras

um caminho que as tuas mãos exponham fora das horas
um soluço a tristeza com palavras pelo céu transparente

encontro no lento fluir das águas a tua predição tranquila
como se tivesses revelado um perfume para a poesia
uma música que perpetuasses no coração das rosas?

eu sei que ardeste na última vez que te lançaste ao mar
que as tuas ânforas não suportaram o desejo do tempo
que as mesmas ondas que te rodaram o rumo da luz
foram os mastros que te romperam a seda dos sonhos

eu sei que te dispersaste nas vazias calhas do silêncio
e as estrelas foram poucas para a noite que procuravas

com que pensamento poderás derramar estes afectos?
com que cor para caiar as heras e os muros brancos?

4 de novembro de 2005

Brad Mehldau


Brad Mehldau
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este homem dá-me um horizonte de esperança no escurecer do outono: a sua música é a arte do jazz no seu mais denso esplendor. Claro está, para quem gosta. Brad Mehldau: day is done - a sua última gravação.

Padre António Vieira


Padre António Vieira
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quem me dera que os meus alunos percebessem o contributo deste homem para aquilo que une, hoje, mais de duzentos milhões de seres humanos...
A internet tem um perigo tão intenso quanto a enormidade de horizontes que encerra. Principalmente para os jovens estudantes que dão, frequentemente, erros induzidos pela utilização excessivamente despicienda da língua portuguesa nos chats. Bom, foi só um desabafo. E qualquer outra coisa mais. Para bom entendedor meia palavra basta. Ah, e o meu nome começa por D.
Pensamento do dia: extraído de Padre António Vieira.


O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!