6 de novembro de 2005

na manhã que se levanta está o teu rosto em construção
no imenso areal a tua boca procura as primeiras sombras

um caminho que as tuas mãos exponham fora das horas
um soluço a tristeza com palavras pelo céu transparente

encontro no lento fluir das águas a tua predição tranquila
como se tivesses revelado um perfume para a poesia
uma música que perpetuasses no coração das rosas?

eu sei que ardeste na última vez que te lançaste ao mar
que as tuas ânforas não suportaram o desejo do tempo
que as mesmas ondas que te rodaram o rumo da luz
foram os mastros que te romperam a seda dos sonhos

eu sei que te dispersaste nas vazias calhas do silêncio
e as estrelas foram poucas para a noite que procuravas

com que pensamento poderás derramar estes afectos?
com que cor para caiar as heras e os muros brancos?

Sem comentários: