6 de março de 2006

ao anoitecer
vê-se o nome da ilha

na luz que
procura o outro lado do horizonte

na fragilidade
do tempo

que escorre com
o silêncio do nosso caminho

 
nesse instante
em que o mundo

parece somente o
lugar donde nos vemos

sem sombra que
nos prolongue

nem voz que nos
ecoe

 
ao anoitecer
vê-se o nome da ilha

é esse o
mistério que deixamos para mais tarde dissolver

não um nome como
uma concreta pedra

pesando o seu
significado

mas uma flor a
quem não importa a palavra

por ter na sua
ideia a mais alta cor do mundo

por conter a
doçura intacta da pureza

 
ao anoitecer
vê-se o nome da ilha

e é um contorno
breve de uma ternura que nos espera

tão perto tão
acessível tão formosa

como a manhã que
se seguirá

 
para nos lembrar
que o nosso corpo pesa

porque deixamos a
tristeza ocupar o seu espaço

e prolongamos
dentro de nós o ruído do cansaço

 
ao anoitecer vê-se o nome da ilha
reparemos
está lá como um coração
pulsando o primeiro beijo

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