24 de abril de 2006

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
 
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa


Sophia de Melo Breyner Andresen

23 de abril de 2006

sem título


dobradiça
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abrir-me-ás
a porta do coração?

a fé das sombras


santinhos
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na sombra que toca todas as coisas
deste mundo

haverá a orla intocável de deus
anunciando a presença
do infinito

a eternidade devolvida aos homens
ou a fé entrecortada
na oração do tempo

luz divina (altar em bravães)


luz
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e deus pode não ser mais que isto:
a luz da manhã
cortando a rosácea do tempo

e manchando de paz
o linho do altar

para beber um carinho


água de fonte
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dou-nos este momento
para saciarmos a nossa sede

pelas nossas mãos tomaremos
o rosto da fonte

e nesse instante o carinho
que desconhecíamos
há-de entrar em nossas bocas


para a norma e para o nélson

detalhes de luz em bravães (sol de abril)


bravães
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da terra sobe a luz
ao sinal de deus

transparência do tempo


transparência do tempo
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o olhar do tempo
é composto de transparências

tecidos que se sobrepõem
ao nada que somos

escrita


escrita
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um poema que eu rasgasse
na pele do tempo

inscrito nos poros
da pedra que nos vigia
o envelhecer das mãos

luz oscilante (mosteiro de bravães)


luz oscilante
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se alma é etérea
há-de oscilar
na contradança da luz

no interior do coração do silêncio
como uma lamparina
de sonhos

soprando a forma das asas
dos anjos que virão
mostrar o rosto de deus

16 de abril de 2006

gato que dorme na rua


gato que dorme na rua
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o gato estende-se no seu banco
vendo a tarde girar sobre si

tudo lhe passa tão levemente
que nem uma palavra
rasgada de uma pedra
o assusta

é por isso que é feliz e há poetas
que falam disso

viola esperando


viola esperando
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sou como a viola da terra
na oficina do violeiro
esperando a sua vez

para ganhar asas
e soprar música de dentro de mim
preciso das tuas mãos

dream or cream?


dream or cream?
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sonho ou doçura?

que asa te dar
ó doce anjo
do meu sonhar?

chuva dissolvente


chuva dissolvente
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como numa música que vem de longe
esta chuva dissolvente
atrasa o sorriso do dia

6 de abril de 2006

reflexágua


reflexágua
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na água a minha estrela
parece a mão

com a alma resplandecente da poesia

acenando ao silêncio

5 de abril de 2006

reflexo


reflexo
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o céu entrou-me dentro de casa
deixando no vidro o seu rosto
onde repousa agora a minha viagem