31 de maio de 2006

no chevrolet a caminho de...


chevrolet
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no chevrolet a caminho do casamento da minha irmã
vai meu pai com o sorriso de quem comanda o mundo

e as rodas pesadas do tempo confirmam a ternura
com que se guiam todos os pensamentos

uma leve borboleta


images
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um sorriso
pesa tanto como
uma borboleta?

29 de maio de 2006

o beijo de gustav klimt


o beijo de gustav klimt
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quem sabe os contornos
deste beijo?

a alada sede de ser feliz
e viver a vida num só instante

como qualquer beijo
na primeira vez que adoça o coração

na primeira vez que abre o caminho
para o amor deixar de ser uma palavra

e desatar a água com que as mãos
hão-de tecer o tempo do carinho

28 de maio de 2006

versos com chagall (parte 3)


chagall
origem danielsg.
se voarmos esta noite
se encontrarmos o nosso lugar
dentro do nosso sonho

as nossas palavras não serão precisas
nem os nossos silêncios
nem as nossas portas entreabertas

tudo o que ataremos em nossas mãos
serão as pinceladas felizes do amor

(o amor que nem tem que ser doce
como os frutos sobrevivendo ao fim do verão)

encantamento vesperal

se o nosso abraço acontecesse
primeiro que nós

o tempo (na sua casa mágica)
marcaria com tons de azul

os primeiros sonhos
os contornos tirados ao mar do desejo

versos com chagall (parte 1)


primavera na pradaria
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a primeira noite da primavera
arde somente

no coração ansioso
dos amantes

26 de maio de 2006

episódios com van gogh (parte 3)


Lilazes de Van Gogh
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havemos de passear nesse caminho
onde van gogh pinta (ainda)
os nossos liláses

ao passar pela sua desatenção
dir-lhe-emos
como ficava bem (se ficava)
nunca acabar o quadro

episódios com van gogh (parte 2)


Amendoeira de Van Gogh
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de onde estou
todo o mundo não é mais
que este mar redondo

nesta casa (defronte à janela do meu quarto)
faz falta uma amendoeira

pondo embarcações (floridas)
no azul profundo

episódios com van gogh (parte 1)


Vaso com Girassois de Van Gogh
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esses girassois revivem o verão
no coração da casa

esses girassois é que sabem
o sentido exacto da luz

e entre o fim da tarde e a manhã
são eles que entrelaçam
as sombras que ficam por dizer

abraço para o internauta desconhecido

do fundo do meu coração
agradeço a todos
a visita a este versário

25 de maio de 2006





vi malmequeres onde só esperava ver
os despojos do fogo

vi outros malmequeres que não são malmequeres
outras flores que não há em mais berço algum

refulgirem ao peso da luz
tão mais próximas do céu
que qualquer (outra) rosa

roseirarco


roseirarco
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a noite apetece vestir
como um roseiral de água

23 de maio de 2006

à tua espera


cadeiras na foz
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olho deste lado da duna
as cadeiras que nos esperam
ao fim da tarde

e essa luz vai oscilando
entretanto

(chegaremos a tempo?)

22 de maio de 2006

COM O PESO DO MUNDO


capitel em bravães
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com o peso do mundo
posso eu bem

às vezes dou por mim
e trago a primavera aos ombros

as asas todas dos dias amanhecentes
as cores de todas as coisas
que se ama

difícil é carregar as plumas
da tristeza (de um ou outro
silêncio sem sentido)

fresco em bravães


fresco em bravães
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uma textura que revela
um sonho

um sonho de água
para um deus tranquilo

floral granito


floral granito
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o granito guarda o tempo
dentro do seu coração

bordando tão docemente
as heras da vida

como nós:
num olhar atento

a um detalhe de pedra

18 de maio de 2006

dupla fechadura


dupla fechadura
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sou eu essa porta que se atravessa entre nós
entre duas casas que ainda há pouco
comunicavam pela mesma sala

sou eu essa fechadura que parou para pensar
se abre ou fecha a boca das palavras
se ata ou desata a chave do coração

sou eu esse movimento que oscila no vazio do silêncio
nem rangendo sequer o tempo preso às dobradiças
de todos os gestos que já tecemos juntos

17 de maio de 2006

água mínima


orvalho
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uma água mínima
nascente

refulgente das primeiras palavras
da manhã

sobre a pele mais delicada
da natureza:

o orvalho (palavra demasiado pesada
para essa delicadeza)

16 de maio de 2006

drago em la laguna


drago
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puxando o sangue da terra
o mito da vida e da morte

para o castigo dos mortais?

4 de maio de 2006