26 de janeiro de 2007
dez anos de solidão ou as horas todas desta vida de silêncio
para encontrar na profundeza da noite a cintilação da manhã
dez anos de solidão para silabar a poesia na luz das palavras
no mesmo carinho com que nos confiamos ao clarão do amor
dez anos de solidão com a boca atada ao cuidado da paz
com o corpo protegendo a delicada promissão do paraíso
com que cada verso se acende contra a inclinação do frio
dez anos de solidão para que me crescessem estas mãos
e houvesse buganvílias anulando a tristeza do fim da tarde
barcos com sonhos na proa e nas asas brancas das velas
levando ao último horizonte as pedras densas do cansaço
dez anos de solidão como uma casa erguida contra o tempo
onde cantasse a língua com as suas primaveras secretas
e fosse possível inventar um poema contra o esquecimento
ou o cume do inverno que é termos a morte à nossa espera
(para os que sabem o que é dez anos de solidão)
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