agora que me cresceram as mãos e são elas a ternura
o frágil movimento de cor sobre um círculo de afectos
agora que a pele se dissolveu como uma voz à chuva
suspendendo na respiração as margens do firmamento
agora que a casa se musicou de um segredo inflamável
em cada imagem perfumada na doce seda das violetas
com a manhã crescendo no tear límpido de cada janela
toda esta maré desviada toda esta erosão desatenta
me parece agora tão nítida tão concreta tão pacífica
como se os gestos se adentrassem seguros no chão
escutando aquilo que achavam ser o pulso do tempo
agora que as palavras têm um carinho um rosto sereno
como os pássaros têm asas para um coração tão leve
acendo a pulsação transparente das pequenas coisas
e procuro o sonho a menina dos olhos do pensamento
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