18 de janeiro de 2007

poema com manet


13-1
deixado cá por danielsg.
agora que me cresceram as mãos e são elas a ternura
o frágil movimento de cor sobre um círculo de afectos

agora que a pele se dissolveu como uma voz à chuva
suspendendo na respiração as margens do firmamento

agora que a casa se musicou de um segredo inflamável
em cada imagem perfumada na doce seda das violetas
com a manhã crescendo no tear límpido de cada janela

toda esta maré desviada toda esta erosão desatenta
me parece agora tão nítida tão concreta tão pacífica
como se os gestos se adentrassem seguros no chão
escutando aquilo que achavam ser o pulso do tempo

agora que as palavras têm um carinho um rosto sereno
como os pássaros têm asas para um coração tão leve

acendo a pulsação transparente das pequenas coisas
e procuro o sonho a menina dos olhos do pensamento

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