esperei até que o sol se refizesse em todos os lugares
ou não houvesse mais conchas retidas no desanoitecer
perdi-me na formosa praia que respirava a última maré
levando os despojos de volta à mão fechada da procura
escutei uma música prevendo o subsilêncio da espera
senti um pássaro desenhando um poema na sua árvore
como se o chão o incentivasse com o peso das palavras
e as coisas tristes pereceram assim na sua fragilidade
as promessas e as mesas postas no sabor da ausência
as orações diluídas no vento um ritual alinhado em paz
tudo se perdeu em fio e só o sentido de luz se reergue
um momento levando uma lágrima perfeita no seu rosto
soprando o orvalho na suavidade do nosso amanhecer
um momento para voltarmos a pegar na raiz do coração
e caiarmos enfim as paredes para as nossas buganvílias
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