27 de outubro de 2007
COMO UM POEMA QUE LEMBRASSE MIGUEL TORGA E O ATRAVESSASSE À DISTÂNCIA DE UMA MONTANHA PROFUNDA
o homem tem as mesmas raízes de deus
como se fosse a mesma árvore
que sustenta o céu
o homem vai no mesmo caminho que o seu cão
e leva na sua mão o pedaço de pão
que há-de enganar a fome aos dois
o homem sabe a palavra com que a pedra
escuta os quatro lados do vento
e a pedra sabe a palavra com que o homem
fia o silêncio das constelações pesadas da noite
o homem é o poeta e é o profundo destino do vazio
tem no seu coração a última flor do mundo
e na sua boca apenas outro grito
o homem quis revelar o mistério íntimo da vida
e fê-lo com todas as coisas que o protegeram da morte
todas as coisas que a terra soube dar
como uma bênção que um anjo esqueça propositadamente
no altar da respiração da manhã
daniel gonçalves
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