26 de janeiro de 2008


um anjo é uma espécie de luz

um coração de luz

que irradia do profundo mistério

que é sermos belos

 

belos na juventude eterna

dos nossos sonhos

 

belos na arte que respira cada um dos gestos

com que prosperamos

neste universo de silêncio

 

um anjo é um corpo de amor

à espera que outra boca

lhe dê ar ou a filigrana para compor

finalmente as asas

 

 

 

para a berlinde

 

daniel gonçalves (com zero 7 - no cume do inverno)

23 de janeiro de 2008



o dia mais feliz da minha vida
só o posso beber desta fonte
a memória presa à transparência
das coisas indeléveis

e sempre sempre
repetidas neste eco de silêncio
que é a saudade ferindo
o fim do dia no cume do inverno

21 de janeiro de 2008



o meu coração explode: que verso mais triste
não há palavra alguma que encontre o coração
dentro deste corpo
que nunca foi tão concha búzio ilha
deste poema sem música
que é o meu sonho acontecer pela metade


(what the hell is this? tells me the crumbling heart)



quase que sou um homem parado no inverno
com a esperança certa de um dia de luz
ao fundo deste cansaço imenso

há sempre maio e talvez junho até
para quem suporta o peso do silêncio


(para o'sanji)


é este o inverno que nos sufoca:
o amplexo do azul gelado do
silêncio

sempre o silêncio
o silêncio
o silêncio