há uma dor que atravessa os anos acumulados
a fome do tempo que nenhuma eternidade promete
uma ferida aberta aos sentidos deslocados
amplexos desfocados de sofrimento
e uma canção que dói
quando todas as outras já não suportam
terem sido um momento feliz
e uma canção que dói
como todos os gestos que já não cabem mais
nesse corpo que morre
tão devagar que dá para sentir
a sombra ondulante da morte se chegando
como as pétalas da primeira ovação
quando o mundo sabia o teu nome
como quem sabe os acordes de um verão quente