acabamos sempre sozinhos
desenlacemos as mãos
fitemos as árvores do mundo
a água que inunda a última margem
do litoral
acabamos sempre sozinhos
enlacemos as mãos
sonhemos com os últimos grãos puros
da nossa sede
façamos desta morte suspensa
um poema para regressarmos
ao nosso primeiro beijo
acabamos sempre sozinhos
cortemos as nossas mãos
façamos delas trapézios para o desejo
e depois naufraguemos no primeiro instante feliz
acabamos sempre sozinhos
e o amor acaba sempre por ter razão
nunca se ama para possuir
ama-se para perseguir o sonho
de termos asas e alguma esperança
(quanto antes)