31 de março de 2009



acabamos sempre sozinhos
desenlacemos as mãos
fitemos as árvores do mundo
a água que inunda a última margem
do litoral

acabamos sempre sozinhos
enlacemos as mãos
sonhemos com os últimos grãos puros
da nossa sede

façamos desta morte suspensa
um poema para regressarmos
ao nosso primeiro beijo

acabamos sempre sozinhos
cortemos as nossas mãos
façamos delas trapézios para o desejo
e depois naufraguemos no primeiro instante feliz

acabamos sempre sozinhos
e o amor acaba sempre por ter razão

nunca se ama para possuir
ama-se para perseguir o sonho

de termos asas e alguma esperança
(quanto antes)








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