naquele dia escrevi-te um poema de amor
um poema de amor tão longo que poetas houve neste mundo
que não escreveram livros inteiros tão longos
um poema que tinha três quatro palavras
(tão longo nem lembro bem)
três ou quatro palavras que se repetiam
repetiam e repetiam
ao expoente da loucura e da eternidade
e nesse dia deixaste de ser apenas um desejo
uma mulher posando rosa ou buganvília no jardim de outra casa
um perfume a esvair-se de ar e água
sempre tão efémero
sempre tão pequeno