8 de setembro de 2010




numa noite como esta são transparentes as flores
e equidistantes os esquecimentos e as candeias
com que vemos ao longe os nossos primeiros passos

numa noite como esta o tempo pensa na eternidade
e todos os horizontes vêem a sua morte adiada
como as árvores têm música quando chega abril

numa noite como esta é possível encontrar o amor
como se deus viesse de novo ocupar a sua casa
e pôr no sítio certo as palavras deixadas ao acaso 

numa noite como esta em que ambos adormecemos
como na última noite em que a nossa infância se deitou

voltamos a acreditar que a lua é apenas outro anjo
outro cavalo outro baloiço outro sorriso outra oração


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