4 de dezembro de 2010



O cais ondula com a maré inquieta. A noite, invariavelmente fria, invade-nos as mãos e a parte do rosto que não está a sonhar. Atrás de nós está uma cidade que se prepara para retomar o seu lugar dentro do seu búzio. A cidade é uma pérola, pois. Fomo-la beber como dois estranhos e encantamo-nos com a música que primeiro foi silêncio e depois veio atrás de nós dizer-nos que afinal o mundo não é assim tão grande e que foi criado para que nos encontrássemos.
O cais ondula com a maré inquieta e cala a chuva fina, talvez por isso parece não haver mais ninguém. Apenas uma máquina capaz de nos aquecer o cansaço. Um chocolate quente instantâneo. Naquele contexto o melhor chocolate quente do mundo. Nosso. E depois as nossas histórias, cada uma com a sua margem de tristeza e alegria. Até chegar à hora do barco dizer que um cais não serve de casa para nenhum sonho. Que pena.

2 de dezembro de 2010





vou-te falar das flores de sol
dessas que ficam tão bem dentro de
uma casa

e digo (apenas isto):

pudéssemos nós guardar
a luz do dia

e nunca sonharíamos de
olhos fechados

1 de dezembro de 2010





o destino é um caminho que
levas à frente
da tua sombra

vê-lo se estendendo
como um dia para ler devagar

acenando ao fundo
com uma improvável luz

e vais seguindo
sempre fiel ao teu sonho

pensares que tu é que escolhes
a casa aonde queres chegar

quando talvez a casa sempre
existiu

pronta para te receber