4 de agosto de 2006

poema II (de amor)


chuva incandescente
partilhado por danielsg.

um instante feliz (como num instante de cartier bresson)
um instante de luz preso à bicicleta que acorda a manhã

sou eu que me prendo à retina das coisas transparentes
sou que reconheço os contornos das primeiras coisas

é a mim que se atam os diademas das palavras felizes
é a mim que a poesia vem dizer onde está a tristeza
para não voltarmos a essa casa a essa colina de sede

desde que encontrei a tua boca reescrevendo o tempo
um tempo que não há noutro lugar nem noutro afecto
como se soubesses a exacta medida em que se ama
ou por que asa se erguem os carinhos sobre o amor

um instante feliz asilado no ventre das nossas mãos
como uma moeda para pagar a felicidade do mundo

um instante de luz que nos compense da escuridão
com que os sonhos se lançam para os nossos olhos

1 comentário:

Azoreano Náufrago disse...

Hoje é quarta feira! Boas férias. abraço