16 de outubro de 2006

para o joão pinto (como um telefonema ao fim do dia)


mistico
partilhado por danielsg.

preciso renovar-te todas as manhãs este poemário de amor
preciso recontar-te todas as palavras com que nos amamos

e todas as manhãs reencontrar-te na mesma paz inviolável
e todas as manhãs soprar-te os nomes das nossas árvores

porque a noite é um intervalo de silêncio pesando nos olhos
uma extensão infinita de searas de onde se arrancou a luz
ou os pássaros de fogo ou os flancos acesos dos girassóis

porque gastamos tanto tempo da nossa desatenção à espera
tanto tempo do tempo que julgamos ser a nossa eternidade
atando pedras e outros ciprestes à respiração das estrelas
como se não houvera outro ofício para os nossos sonhos

porque é difícil suportar sozinho a inclinação destes afectos
porque o amor quando cresce ata-se à promessa da poesia

e todas as manhãs a poesia pede-me que te diga (outra vez)
como o teu coração aprendeu a desenhar o rosto do amor


(poema em construção)

daniel gonçalves

1 comentário:

Ruy Ventura disse...

Ainda bem que me encontraste pois já me tinha perguntado por onde andavas.
Manda-me um mail para
ventura.1973@gmail.com
para entrarmos em contacto efectivo.
Abraço
RV