4 de novembro de 2008



POEMA COM FOTO DE PEPE (SEGUNDA VERSÃO - TRANSPIRADA)




íamos os dois no mesmo caminho
ignorando o acender da manhã

tínhamos a noite atrás de nós
o esquecimento das coisas infelizes
o silêncio triste e a ferida suturada da distância

íamos os dois na mesma palavra
à procura do mesmo verso

um poema que nos desse o resto do amor
o amor de que apenas conhecemos a respiração
as mãos e uma ou outra música incandescente

íamos os dois na evidência da nossa sede
buscar a água às cidades que desenhámos no nosso sonho

as cidades onde nos permitem voar
as cidades onde as ruas têm candeeiros
como finas heras sobre o medo de estarmos sós

íamos os dois à procura da nossa vida
como se nunca tivéssemos vivido

olhando à volta da nossa frente
todas as coisas pela primeira vez

de mãos atadas e olhos transparentes
para que nenhum instante se perdesse

nunca mais




(4 novembro 2008)

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