28 de setembro de 2009

VERSÃO 3 (DEDICADA À SANDRA)


o vestido que trazes está gasto como o nome que deste ao amor

saqueado como o chão da seara depois da fermentação do verão

inútil como uma palavra à roda de um poema que não se iluminou


o vestido que trazes arruinou a sua bainha e desfiou-se a chorar

parece um jornal amarrotado uma película translúcida de silêncio

deixando ver as feridas nos joelhos o coração resistindo ao vento


passou de moda porque deixaste de te despir com a luz acesa

e o espelho já não alcança a parede onde havia um outro retrato


já não te serve porque esqueceste de mudar a água aos girassóis

e agora há uma escuridão que se enovela à volta da tua tristeza

pesando sobre os teus olhos como uma pedra tirada a um poço


1 comentário:

Sandra disse...

Mt bem. Vim ver o poema, a mim, dedicado.
Grata.
Voltarei para tecer umas palavrinhas.

Sandra