faço o filme na palma da minha mão e trago para junto de mim
um piano com yann thiersen
a música é suave flutuarejante redonda
estou à tua espera
e aperto o meu coração para não te amar demais
chegas a entristecer aos bocados
(nunca quiseste ser triste à minha
beira)
pergunto-te como é possível
teres o coração tão apressado
se voas como um pássaro delicado
numa folha de papel
choras-me em silêncio o relógio que perdeste
(era nele que vias o tempo
de estarmos perto)
tinha matrioscas
e assim como assim
um tempo secreto dentro do nosso tempo secreto
tinha matrioscas que se iam enroscando
até não termos de pensar no amanhã
mas perdeste esse relógio
e eu não pude fazer nada
mesmo que anos depois
continue a ir de marcha a ré
procurando pelo chão o tiquetaque que perdemos
não volta ao teu pulso
nem a tua mão à minha
3 comentários:
Vamos perdendo as "coisas" no tempo que perdemos a pensar nelas.
Destaco a delicadeza e o encanto das imagens sugeridas:
"estou à tua espera
e aperto o meu coração para não te amar demais".
"tinha matrioscas que se iam enroscando
até não termos de pensar no amanhã"
Saudações cordiais
3 de Novembro de 2010 22:25
O Tempo! Ha que deixar morrer o Tempo. Viver para alem do Tempo: eternidade. Apenas o que e eterno tem significado.
Um relogio perdido e sinal, pressagio ou providencia de que ele, o relogio, era um mero instrumento e, por isso, dispensavel. Existe felicidade sem mediçao.
1 abraço,
Sandra Ferreira
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