3 de novembro de 2010




faço o filme na palma da minha mão e trago para junto de mim
um piano com yann thiersen

a música é suave flutuarejante redonda

estou à tua espera
e aperto o meu coração para não te amar demais

chegas a entristecer aos bocados
(nunca quiseste ser triste à minha
beira)

pergunto-te como é possível
teres o coração tão apressado
se voas como um pássaro delicado
numa folha de papel

choras-me em silêncio o relógio que perdeste
(era nele que vias o tempo
de estarmos perto)

tinha matrioscas
e assim como assim
um tempo secreto dentro do nosso tempo secreto

tinha matrioscas que se iam enroscando
até não termos de pensar no amanhã

mas perdeste esse relógio
e eu não pude fazer nada

mesmo que anos depois
continue a ir de marcha a ré
procurando pelo chão o tiquetaque que perdemos

não volta ao teu pulso
nem a tua mão à minha

3 comentários:

Lídia Borges disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lídia Borges disse...

Vamos perdendo as "coisas" no tempo que perdemos a pensar nelas.

Destaco a delicadeza e o encanto das imagens sugeridas:

"estou à tua espera
e aperto o meu coração para não te amar demais".

"tinha matrioscas que se iam enroscando
até não termos de pensar no amanhã"

Saudações cordiais

3 de Novembro de 2010 22:25

Anónimo disse...

O Tempo! Ha que deixar morrer o Tempo. Viver para alem do Tempo: eternidade. Apenas o que e eterno tem significado.

Um relogio perdido e sinal, pressagio ou providencia de que ele, o relogio, era um mero instrumento e, por isso, dispensavel. Existe felicidade sem mediçao.

1 abraço,

Sandra Ferreira