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não digo a cor
que essa tem a sua asa solta no mar
por mais que uma ilha seja feita de flores
ou de pedras ou de torpor
não digo a cor
que a noite também a guarda
por mais que durmamos no relento do cansaço
e um anjo se tenha prometido na carne do amor
não digo a cor
que o vestido com que te foste embora
ficou nas palavras com que te acenaste
e no silêncio sussurrado ao pormenor
não digo a cor
digo o espaço digo o imenso horizonte
digo o soluço que me prende as mãos
e no lugar da palavra deixa um rumor
(primeira versão: para o joão pinto)
2 comentários:
Lindo poema, Daniel.
Um belo poema ilustrado por um quadro de um dos pintores que mais admiro.
Vou voltar a este prazer de lê-lo.
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