esse rio na selva é o único poço onde podes ser transparente
o rio que te obriga a despir a inquietação de seres pequeno
e te permite ser deus com apenas dois remos e uma candeia
nessa viagem compreendes as coisas que sempre te pesaram
aceita-las como quem concorda com a hora da morte e sorri
esvazia os bolsos e acrescenta os trocos mal geridos da vida
o rio é muito mais que uma artéria serpenteando e circulando
corpo de água que nunca irrompeu nem nunca se dissolveu
escrinventando nas margens as raízes com que o teu silêncio
há-de crescer até ser a única meditação que te arrepia a pele
os teus sentidos são uma chama que respira nas tuas mãos
fechas as mãos e apagas tudo quanto te desacomoda a alma
e depois és igual a uma canoa que prospera na escuridão
um corpo que é um poema líquido doçura solvente de sonhoin "um segundo é passado" daniel gonçalves 2010
2 comentários:
Finalmente! Gostei. Gosto. Interessante. Muito.
1 Abraço
Sandra Ferreira
Há quantos dis por aqui passo... Hoje valeu!
Em construção? Também eu gosto. Muito.
Um beiJo cá de Santo Tirso.
[E a entrega do prémio? Para quando?
Augusta
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